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O mito da madeira envelhecida

Muitos luthiers afirmam que seus instrumentos são construídos com madeiras envelhecidas. Alguns chegam a dizer que seus instrumentos são confeccionados com madeiras que foram cortadas entre 30 e 300 anos atrás. Tudo isso pode ser verdade.

Eu sei que existem madeiras com essa idade, até mais velhas. E que alguns móveis antigos também podem ser serrados para a construção de instrumentos. O problema é que, ao falar de madeira aged, ou envelhecida, a referência usada é sempre a do tempo e não a de qualidade da madeira.

 

Como qualquer ser vivo, uma árvore precisa de tempo para amadurecer. E se uma madeira não amadureceu o bastante para ser cortada, se não chegou à sua fase adulta, não está suficientemente estável para ser utilizada na construção de instrumentos musicais.

 

Infelizmente, o mercado não espera, e vemos caminhões e mais caminhões de madeira verde aportando nas lojas.  E essa madeira cortada na época errada pode carunchar, rachar, trabalhar demais e jamais vir a ser uma madeira de altíssima qualidade, mesmo depois de envelhecer 200 anos.

 

Madeiras são filtros que permitem a passagem, maior ou menor, das diferentes frequências, elas conduzem a vibração. Mas, sem estrutura, certamente roubarão vibração, trabalhando de forma errada quando submetidas às tensões das cordas.

 

Muitos músicos se preocupam mais com o material com que o violão é feito do que com o som propriamente dito. Se apenas o envelhecimento fosse benéfico, poderíamos guardar caixas de maçã por 200 anos e, depois, estariam perfeitas para a construção de violões.

 

Precisamos derrubar mitos de que a melhor madeira é aquela que os europeus determinaram. Mal sabem eles da variedade que temos, e da profusão de possibilidades de timbres de nossos instrumentos.

Não basta olhar para o calendário, é preciso abrir os ouvidos!​

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